Quando foi contratado pelo São Paulo, Hernán Crespo fez questão de trazer da Argentina a sua comissão técnica. E nela há uma figura fundamental no dia a dia dos treinos e na relação com os jogadores: Alejandro Kohan.
O preparador físico é uma espécie de braço direito do treinador. Além de exercer seu trabalho na parte física, é ele quem auxilia nas conversas quase que diárias com os atletas e tenta manter o bom ambiente do elenco.
– Para mim, o dia a dia e a maneira de fazer os processos de treinamento são muito integrados, porque eu gosto de fazer treinos da cabeça até os pés. Eu acredito que o mais importante é poder fazer empatia com as pessoas, com os atletas, e treinar não somente a parte de qualidade física. Mas também trabalhar com ferramentas que ajudem a todos a questionar suas emoções. É um esporte de muita instabilidade, e tem que trabalhar com ferramentas que eles possam encontrar a estabilidade interna em um meio instável que é o futebol – afirmou Kohan, ao ge.
Até aqui, essa relação tem surtido efeito dentro de campo. Nos últimos cinco jogos, o São Paulo venceu todos e mostrou um espírito aguerrido, além de impressionar em determinados momentos pela forma física dos jogadores.
E essa relação de Crespo e Alejandro Kohan já deu frutos na temporada passada. Juntos, os dois foram campeões da Sul-Americana de 2020 pelo Defensa y Justicia e despertaram os olhares de diversos clubes na América do Sul. A parceria, inclusive, é recente.
– O Hernán conheci em uma viagem a Europa, em fevereiro de 2018. Estivemos juntos, conversamos bastante, e nesse momento ele era dirigente do Parma. Ele, então, me falou que queria trabalhar como treinador e que quando fosse abandonar seu trabalho como dirigente iria me ligar para ver a possibilidade de trabalharmos juntos. Alguns meses depois ele me ligou e me deu a possibilidade de começarmos a trabalhar juntos no Banfield, depois Defensa y Justicia e agora neste clube enorme que é o São Paulo – contou o preparador.
Agora no São Paulo, eles voltaram a trabalhar com Benítez, um dos principais jogadores da campanha do Independiente na Sul-Americana de 2017. Na última terça-feira, na estreia da Libertadores, o meia foi titular e o nome do jogo, com um gol e passes decisivos.
Kohan falou sobre o jogador e como ele pode ser importante para o Tricolor:
– Ele foi um jogador muito importante para nós, um jogador com muita habilidade, com muita imposição, que a qualquer momento pode fazer algo diferente, se sacrifica em prol da equipe, é muito bom profissional e muito boa pessoa – analisou.
Com os argentinos em grande número no dia a dia do CT, o São Paulo espera sair da fila de títulos que já acompanha o clube desde 2012. Para Kohan, a mística do passado de glórias do Tricolor tem que voltar à tona.
– Quando um atleta e nós, da comissão técnica, colocamos a roupa de uma equipe do tamanho do São Paulo, que tem mística, que foi campeã Mundial e já ganhou coisas muito grandes, essa mística, essa linhagem está presente. Quando se pode conectar essa energia que está no São Paulo, isso pode conectar sua paixão com essa camiseta e com essa história, tudo pode ser possível – comentou.
– Porque a mística esteve nas pessoas como Telê Santana, Muricy Ramalho e grandes atletas que já foram campeões do Mundo, campeão da América, do Brasileirão, do Paulistão com o São Paulo. Tudo está aqui no ambiente. Eu acredito muito em energia, e creio que essa energia está aqui – finalizou.
Veja outros trechos da entrevista:
Como você analisa o elenco do São Paulo?
– Sinto que o plantel tem muita riqueza técnica, de jogadores de excelência. Reúne muitos jogadores de experiência e conquistas, como o Dani (Alves). Vocês veem Daniel Alves todos os dias, a tanto tempo, na parte de atleta que ganhou 41 títulos. Mas é um ser humano e um líder que mostra algo que nem todos os dias as pessoas nos mostram. Todos os dias é o primeiro a vir trabalhar, e trabalha todo dia como se fosse o último. E parece um jovem que está começando. Tem a paixão de um jovem que está começando. Então eu comemoro isso.
– Outro jogador que vai ser importante é o Miranda, que tem um passado no São Paulo. Eder, que também tem muita experiência, teve uma boa passagem na Europa. E tem muitos jovens com potencial muito grande. Essa combinação de Daniel Alves, Miranda, Eder com experiência… O Reinaldo que está aqui muito tempo, com os jogadores jovens, o Volpi, um líder. Não dá para falar todos… Mas o Luciano e outros tantos jogadores fazem uma mescla positiva que faz o São Paulo ser muito competitivo em todas as competições. Treinamos uma equipe que dá muito prazer como grupo, que joga oferecendo o coração a cada partida, e isso é mais profundo. Quando consegue isso, tudo é possível.
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