O presidente Julio Casares, do São Paulo, afirmou ver com otimismo a criação da Liga para que os clubes passem a comandar o Campeonato Brasileiro. O dirigente são-paulino disse ainda que nunca havia visto um trabalho com tanta união e discrição entre dirigentes de clubes diferentes e avaliou que a proposta é um grande avanço para o futebol brasileiro
“Há muito tempo eu não via um trabalho com tanta união, discrição. Não vazou nenhum movimento e ele foi muito certeiro, efetivo. E estou muito otimista. Sou um eterno otimista. Temos que trabalhar. Tem novas lideranças, presidentes que estão chegando agora, com uma cabeça diferente. E temos que fazer tudo como já fizemos até agora, com discrição, serenidade, sem rompimentos, sem ataques. Nós fomos claros: queremos melhorar, aumentar nossa participação na CBF, igualando o peso de votos de clubes das Séries A e B. Isso é ponto frontal do avanço. E já comunicamos que vamos fazer a liga a partir do Campeonato Brasileiro. Não vamos pedir. Esse é um avanço. Agora, muita discrição, um trabalho que começa. Não há aqui liderança A ou B, é um conjunto, um avanço para o futebol. Temos que ter esperança sim”, disse Casares em entrevista ao SportSCenter, da ESPN Brasil.
“Os clubes formam a essência do futebol. São eles que formam a seleção brasileira. A CBF tem uma vocação de cuidar da seleção. E quem tem a vocação para cuidar do clube, desde a base, são os clubes. Então, nada mais justo do que nós realizarmos o campeonato por vários fatores: calendário, mercadologia – entender o futebol como produto. Tem muito dinheiro na mesa e os dinheiros vivem uma situação difícil. Cada clube tem sua particularidade, mas entendemos que é um avanço, mas a oportunidade para o futebol, entendemos que o mundo todo faz e por que não nós não podemos fazer, de forma equilibrada, serena? Acho que o momento é próprio para isso. E não pela crise da CBF. Já era algo, mas acho que a oportunidade trouxe o caminho de discutir o peso efetivo de cada clube”, continuou.
Casares explicou que a ideia dos clubes é valorizar o Campeonato Brasileiro, uma vez que eles são os grandes investidores do produto, que, por vezes, na opinião dele, poderia ser mais valorizado. O presidente do São Paulo ainda disse que o movimento conta com a participação das federações estaduais e que não há discussão sobre o fim das competições regionais, apenas a intenção de fortalecer o Brasileirão.
Na verdade, são os clubes que investem em garotos desde 12, 13 anos e entregam esses jogadores para a seleção brasileira. Grandes valores que ficam na prateleira a partir do sub-17, sub-20. São grandes valores. Não é possível que os clubes deixem seus atletas servirem a seleção e continuem disputando aqui competições que vão trazer glória, legado esportivo, e que somos cobrados. Então tem que ter calendário, data Fifa tem que parar campeonato, mas, fora isso, o campeonato tem que ter a prioridade na vida de cada clube. É o grande momento do futebol brasileiro”, declarou.
“O que é importante é dizer que o passo dado é de inclusão. As federações certamente estarão presentes. Ninguém fala contra os regionais. Falamos do Brasileiro como um dos maiores produtos que temos, mas acreditamos que não precisa acontecer algo de uma liga para cuidar do Brasileiro com rompimento. Primeiro queremos a justiça dos pesos de voto. Vai do trabalho de convencimento para mostrar que as federações estão inclusas. O fortalecimento dos clubes também traz as federações que tem atuação legítima, como em São Paulo”, acrescentou.
Participação de clubes da Série B
O dirigente são-paulino ainda falou sobre a participação de clubes da Série B e disse que o regulamento das competições deve ser mantido, com as mesmas regras de rebaixamento e acesso. Casares adiantou que alguns clubes da segunda divisão já aderiram ao movimento.
“Todos os clubes da Série B estão convidados, já temos alguma adesão e vai ser garantido o acesso e o descenso por mérito. Isso tem que continuar. (…) Assim segue o jogo de forma transparente. A liga não pode ser um clube de amigos. Tem que ter um estatuto aberto com a participação de todos e os clubes na Série B participarão disso”, disse.
Verbas de TV mais justas
O mandatário do São Paulo ainda disse que a intenção da nova liga é que a verba de TV cresça para todos os clubes. Julio Casares explicou que a divisão incluirá mais “vetores técnicos” e que deve ter, além de uma verba fixa, um montante por desempenho do clube no campeonato.
“Sobre o ‘bolo’ de [dinheiro da TV], temos que ter vetores para medir. Não é só número da torcida, audiência específica. Temos números das redes sociais, engajamento, relevância. Tem que haver vetores técnicos para determinar não só uma parte fixa, mas também uma parte por meritocracia. O clube de menor torcida, com performance técnica boa, tem que ser premiado. Tem que ter um lado fixo, de torcida, um de engajamento, e também a parte técnica. Isso é importante para o ‘bolo’. Se for grande como queremos, todos vão ter aumento de receita e vão ficar felizes”, concluiu.
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