A Fifa quer agilizar as análises de impedimentos no VAR semi automatizando o processo. A ideia é que o computador, e não mais um árbitro assistente auxiliado por operador, monte as linhas verticais e horizontais que identificam (ou tentam) se um atleta estava em posição irregular.
Um grupo de estudo com 14 instituições, incluindo CBF e Conmebol, analisam testes já realizados por empresas contratadas. A previsão é que até 2022 o sistema possa ser usado principalmente para.
– tornar mais rápida a análise. No Brasil, por exemplo, muitas vezes os árbitros na cabine do VAR demoram minutos para analisar um impedimento, lance considerado objetivo, ou seja, que não é preciso interpretação para saber se havia ou não irregularidade.
– dar segurança de que não houve erro humano na montagem das linhas que definem ou não uma condição de impedimento.
“O objetivo é desenvolver uma ferramenta de apoio semelhante à tecnologia da linha do gol: não desenhada para tomar a decisão, mas para fornecer evidências instantaneamente aos árbitro”, diz parte do relatório entregue no fim de outubro ao grupo de estudo e que é supervisionado pela Ifab, a International Board, o órgão que define as regras do futebol.
A tecnologia da linha do gol é aquela em que câmeras são instaladas para identificar se a bola entrou ou não. Na Copa do Mundo, por exemplo, um apito sonoro avisa ao árbitro que ela ultrapassou totalmente a linha — a CBF não usa essa tecnologia no Brasil.
A ideia é fazer algo semelhante com o impedimento, ou seja, que o computador possa identificar o impedimento e avisar. Mesmo assim, ressaltou o relatório, a decisão final é do árbitro de campo, por isso que o projeto está sendo chamado de semi automatização de lances de impedimento.
Hoje funciona da seguinte forma: um dos árbitros assistentes de vídeo monta à mão, com ajuda de um operador, as linhas horizontais e verticais que tentam identificar na tela o impedimento analisando partes do corpo dos jogadores.
“Os testes de precisão mostraram que os operadores humanos tendem a escolher diferentes partes do corpo para as linhas de impedimento. Avanços foram feitos nessa área também, com o sistema automatizado apresentado aprendendo a modelar corretamente o esqueleto de um jogador. No futuro, os algoritmos desenvolvidos do sistema deverão ser capazes de identificar automaticamente qual parte do corpo colocou o jogador impedido e a que distância”, explicou o relatório apresentado.
No Brasil, a comissão de arbitragem da CBF admitiu publicamente erro na análise de um impedimento que anulou gol do São Paulo na derrota de 3 a 0 para o Atlético-MG, em 3 de setembro.
Na ocasião, o árbitro Jean Pierre Gonçalves Lima invalidou o gol por suposta posição de impedimento do atacante Luciano após cruzamento de Tchê Tchê. O erro ocorreu justamente quando auxiliar e operador colocaram as linhas verticais e horizontais que a Fifa quer agora que um computador faça.
“Fizemos uma análise desse lance. A linha realmente não é colocada. Alguns outros detalhes também. Não adianta lutar contra a imagem, claramente a linha não está colocada de uma forma padrão, não é erro da tecnologia, é um equívoco humano da colocação da linha de impedimento. Além disso, o momento do contato da bola também não é o correto. Um frame antes do primeiro contato com a bola poderia dar um resultado diferente na linha de impedimento. A linha não foi colocada nos locais corretos conforme a gente orienta”, disse ao SporTV o chefe de arbitragem da CBF, Leonardo Gaciba, em 14 de outubro.
UOL