Clássico entre Palmeiras e São Paulo foi marcado por polêmica entre o técnico e o atacante.

Durante o programa Resenha da Rodada, da ESPN, o ex-zagueiro Lugano comentou sobre a discussão entre o técnico e o atacante, afirmando que Abel desrespeitou um “código não escrito” do futebol ao gritar com Calleri. Lugano criticou a do português durante o jogo.
— Eu fico pensando, é cada vez mais incompreensível. Eu perguntei antes do programa para o Fábio (Luciano), para o Luís (Fabiano). A gente, em 25 anos de futebol, já viu briga entre jogadores, discussões, treinamos a favor e contra treinadores com um temperamento de verdade, que eram f*** de verdade. Eu nunca vi, no código do futebol, um treinador adversário gritar na cara do jogador do time ou botar o dedo na cara. Eu nunca vi. O jogador é sagrado, e não se mexe, são os seus jogadores. É como um código não escrito do futebol. O Abel já fez isso com o Liziero, Arrascaeta, agora com o Calleri. A gente entende se, talvez, ele não esteja conseguindo aumentar o sucesso que ele tem, porque nunca na carreira ele teve sucesso como agora, e aumentar o sucesso é difícil.
O uruguaio prosseguiu:
— Dá para perceber que ele está desesperado, todo fim de semana, para chamar atenção. A gente poderia estar falando do jogo do Raphael Veiga, Zé Rafael, Dudu, Rony ou Weverton, que agarra para caramba, e de novo estamos falando dele. Eu acho que é estratégia, não pode ser casualidade. Ele utiliza este modo de se comunicar, enganando, falando que fazendo isso o time vai jogar melhor. Eu imagino o capitão do Palmeiras, o treinador quer que você ganhe o jogo e ele insinua para a torcida que eu e meus companheiros jogamos bem ou tivemos força porque ele fez alguma coisa fora da linha. Eu picaria p*** da vida, não aceitaria.
— Eu imagino os jogadores do Palmeiras um pouco constrangidos com essa atitude do treinador. Me desconcerta, principalmente, pela falta de respeito ao jogador. Discutir com o árbitro já está errado, mas com o jogador adversário, botar o dedo na cara? Gritar na cara? E, além de tudo, o mais importante, e o mais preocupante: eu estava no Morumbi, e essa atitude gerou uma discussão de violência no estádio. O torcedor mudou de humor. Por sorte não tinha torcida adversária, eu não sei como o Calleri teve essa energia. Em outro momento, o futebol sul-americano, há 10 anos, essa atitude terminaria com o Abel no hospital, gerando uma violência difícil de conter.
Após o apito final, com a vitória do Palmeiras no clássico já confirmada, Abel e Calleri deixaram o gramado do Morumbi em paz, se abraçando e conversando tranquilamente a caminho dos vestiários. Para Lugano, o atacante são-paulino deveria ter recusado as desculpas do comandante alviverde após o ocorrido em campo.
— Calleri foi muito bem em diminuí-lo, e meio que falar ‘você está atuando para a sua torcida, está fazendo um teatro para chamar atenção’. Calleri foi muito mal depois, de aceitar as desculpas. Acho que não, um cara que grita na sua cara. Eu nunca vi isso. E não importa se foi no Morumbi, no Allianz (Parque), na Arena do Corinthians…o treinador adversário gritar na cara de um rival, eu nunca vi no futebol porque, obviamente, terminaria em briga generalizada.