Em busca de um novo treinador para substituir Fernando Diniz, demitido no começo desta semana, o São Paulo entrevistou o argentino Guillermo Barros Schelotto, vice-campeão da Libertadores de 2018 no comando do Boca Juniors – derrotado na final, em Madri, pelo River Plate.
A conversa, em videoconferência, foi conduzida pelo presidente Julio Casares e pelo diretor de futebol, Carlos Belmonte.
O orçamento curto, fator que tem afastado outros alvos estrangeiros do Morumbi, não deverá ser um problema caso Schelotto seja o escolhido. A avaliação é de que a pedida do argentino está dentro dos custos projetados pelo São Paulo.
Schelotto começou a carreira de treinador no Lanús, da Argentina, onde ficou de 2012 a 2015 e venceu a Sul-Americana em 2013. No ano seguinte, comandou por apenas um mês o Palermo, da Itália, e pediu demissão por não obter a licença da UEFA para trabalhar em equipes da Europa.
Pouco depois, fechou com o Boca Juniors, permanecendo até 2018 – foi bicampeão argentino e vice da Libertadores na final contra o rival River Plate. De janeiro de 2019 a outubro de 2020, comandou o Los Angeles Galaxy, dos Estados Unidos.
Jornalista argentino do site “Azul y Oro”, ligado ao Boca, Martin Lemos falou ao ge sobre as características do técnico.
– Ele sempre manifestava que queria uma equipe do Boca intensa e que, para isso, necessitava treinar intenso. Gosta de equipes ofensivas, que joguem no campo rival, que tenham a iniciativa, que pressionem alto. Foi modificando muito seu trabalho no Boca pelos jogadores que teve. Começou com Peruzzi e Fabra, dois laterais que atacavam e Boca fazia três ou quatro gols por jogo, depois foi sendo mais equilibrado. Na final da Libertadores com River, ele tentou outra coisa, mas na maioria dos jogos sempre tentou ser superior ao rival, com quarto defensor adiantado, de atacar sempre, de propor o jogo com bom toque, boa associação, ataques diretos, ter uma equipe dinâmica.
Martin cita algumas características particulares do treinador:
– Não promoveu muitos jovens da base, pois não tinham muitos para promover, mas deu continuidade a dois: Bentancur, que hoje está na Juventus, e Leonardo Balerdi, que hoje está no Olympique de Marseille. É um treinador que em matéria de reforços, não é de reclamar do que tem, mas gosta de pedir chegadas pontuais. É um cara que trabalha muito e, se tem um aspecto negativo, é que custa relacionar com os experientes. No Boca se relacionava bem com Fernando Gago, mas com Tevez teve idas e voltas. Tem um tipo de confronto, é um líder, prefere que as críticas recaiam sobre ele.
– Foi bicampeão com Boca, esteve muito tempo sendo líder, Boca defendia em bloco, todos juntos, mas preferia atacar, deixava espaço, por isso dizia que os defensores tinham de jogar mano a mano, com centrais adiantados, com laterais que vão,depois foi mudando, mas sua ideia é de equipe ofensiva, sempre jogando pelos lados, para ele é muito importante, ele apostava muito neste jogo – finalizou.
A diretoria tricolor tem clara preferência por um treinador estrangeiro para assumir o time nesta reta final de Campeonato Brasileiro, mas essa barreira financeira faz com que o clube não descarte uma opção do mercado nacional. A busca tem sido feita, principalmente, por treinadores argentinos e portugueses.
O espanhol Miguél Ángel Ramírez, que estava no Independiente del Valle, do Equador, é um nome no topo da lista de preferências. Mas um acordo verbal entre ele e o Internacional para que assuma o time gaúcho após o Brasileiro trava o negócio.
O São Paulo, porém, continua monitorando a situação, já que o Inter lidera o Brasileiro – a expectativa é de que, em caso de título colorado, Abel Braga possa ser mantido no cargo, liberando Ramírez.
GLOBO ESPORTE