As diferenças entre a Copa América e a Eurocopa, disputadas ao mesmo tempo em continentes distantes, têm intrigado o técnico Hernán Crespo, do São Paulo.
Em sua coluna semanal no jornal La Nacion, da Argentina, o treinador tricolor escreveu que vê poucos dribles, uma das características do futebol sul-americano, durante a disputa da Copa América. Em contrapartida, o recurso virou comum na Eurocopa.
– Estamos perdendo terreno. Historicamente, os europeus eram fisicamente mais fortes do que os sul-americanos e tinham menos virtudes técnicas do que nós. Com grandes exceções, é claro, não vamos criar uma regra. Mas eles não pararam de crescer. Melhoraram no desenvolvimento físico e aperfeiçoaram o passe e a recepção, enquanto perdíamos o drible. Na Copa América gostaria de perceber mais respeito pelas raízes históricas da região, mais dribles.
– Na América do Sul não criamos mais do que antes. Vamos tirar o Messi, vamos tirar o Neymar e você não vê mais tantos vestígios que representam a nossa história. Nossos dribles, nossos instintos e nossa agressividade competitiva foram suficientes para igualar e até superar os europeus. Hoje ficamos com ferocidade competitiva – escreveu Crespo.
O técnico argentino entende que o principal motivo para a distância (além da geográfica) entre sul-americanos e europeus seja a falta de jogos entre seleções dos continentes. Por causa do calendário apertado, o Brasil, por exemplo, só terá dois amistosos contra equipes da Europa até a próxima Copa do Mundo.
– Perdemos a possibilidade de nos testarmos com os europeus, de encontrarmos o nosso ponto de atraso ou de evolução, e eles impuseram amistosos contra equipes que não são referências. Perdemos os duelos com a Alemanha, com a Itália, com a Inglaterra, que nos serviam como verdadeiros testes – completou.
A Argentina, seleção de Hernán Crespo, entra em campo novamente pela Copa América na segunda-feira, para enfrentar a Bolívia, às 21h (de Brasília), na Arena Pantanal.
GE