A rivalidade entre Palmeiras e São Paulo pode ganhar novos e profundos capítulos em breve. Isso porque um grupo de conselheiros do clube alviverde, após reunião do órgão na quinta-feira (2), redigiu uma ata entregue à presidente Leila Pereira exigindo a suspensão imediata do acordo para que o rival tricolor use o Allianz Parque.

A atual gestão do Palmeiras ressalta que o acordo com o São Paulo foi feito com a autorização dos órgãos de segurança e em conformidade com o Departamento de Futebol, que priorizou aspectos técnicos, entre eles a qualidade do gramado do Morumbi. “Se quisermos melhorar o futebol como um todo, temos de deixar de lado antigas divergências e olhar para frente”, disse em nota enviada ao UOL Esporte.
O Palmeiras faz o clássico contra o Santos neste sábado (4), no Morumbi, pelo Campeonato Paulista, pelo fato de sua arena estar alugada para a realização de um Carnaval corporativo. Quase 40 mil ingressos já haviam sido vendidos até a conclusão desta reportagem.
Conforme o LANCE! revelou, o uso da casa são-paulina foi um pedido do técnico Abel Ferreira, satisfeito com as condições do gramado e pouco disposto a forçar o elenco a enfrentar alguma longa viagem.
De olho em uma oportunidade, a diretoria são-paulina surpreendeu os palmeirenses e não só aceitaram ceder o Morumbi, como propuseram um acordo para o Tricolor usar o Allianz Parque quando seu estádio estiver impossibilitado de receber partidas. Com o contrário também acontecendo.
E a reciprocidade tem data para acontecer. O Palmeiras aceitou a proposta do São Paulo para usar o Allianz Parque entre os dias 10 e 18 de março, quando o Morumbi receberá seis shows da banda britânica de pop-rock Coldplay. Para estas datas estão previstas as realizações das quartas e semifinais do Paulistão.
Nos dois casos, as diretorias acertaram que não havia cobranças de taxas excedentes àquelas normais do operativo dos jogos.
Mas, se do lado são-paulino não houve grande barulho pelo ‘acordo informal’ entre os rivais, no palmeirense foi diferente. Ao L!, fontes que frequentam a vida política do Palmeiras esperam por uma resposta da presidente ‘em caráter de urgência’. E ameaçam entrar na Justiça para suspender qualquer jogo do Tricolor no Allianz Parque sob o pretexto de ‘risco máximo de segurança’.
“Entendemos que jogar no estádio do Morumbi não é um problema. A seguir, vamos destacar os motivos pelos quais há enorme diferença entre jogar lá e recebê-los aqui. Não custa lembrar que bem recentemente, no dia 23/08/2020, o Palmeiras enfrentou o Santos no Morumbi, sem que houvesse nenhuma reciprocidade. Pagamos o aluguel e pronto”, destaca trecho da ata, repassada à reportagem.
“Há riscos claro de segurança. Isso porque o Morumbi no passado era utilizado pelos rivais do São Paulo para mandar seus jogos grandes. E o estádio do tricolor (sic) tem ruas mais largas, enquanto o Allianz Parque tem seu entorno recheado de lojas do Palmeiras e sedes de torcidas organizadas, algo que poderia gerar conflitos em dia de jogo. Além disso, as entradas de nossa parte social ficam próximas ao estádio”, completa o texto.
Um dos trechos da ata relembra fatores passados para justificar também porque o Palmeiras não deveria deixar o rival jogar em sua casa.
“Ao longo da história, foram diversas as ocasiões em que o São Paulo Futebol Clube atentou contra o Palmeiras, inclusive nossa casa. Foi assim em 1942, quando articulou a tomada do nosso patrimônio. Em 1994, o rival esburacou o próprio gramado para que não pudéssemos jogar lá em uma partida cujo mando era determinado pela Federação Paulista. Em 2005, pelas oitavas de final da Libertadores, o clube da Vila Sônia tentou impedir que jogássemos a partida com mando do Palmeiras em nosso estádio, obrigando a PM a fechar quase um terço das arquibancadas. Em 2014, após tumultuar as negociações de renovação de um jogador com o Palmeiras, o então presidente do São Paulo apareceu comendo bananas e ridicularizando nossa instituição, a quem dizia estar se ‘apequenando'”.
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